Independência e Verdade

Durante 110 horas de gravação, idosa apanhou por mais de 2 horas


Indignados com as agressões sofridas pela idosa Tamine Buteri, de 87 anos, em sua casa, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, familiares esperam apenas que a justiça seja feita e que a cuidadora Vera Lúcia Cardoso da Silva, 49 anos, presa neste domingo (18), não ganhe liberdade tão cedo. Segundo o neto da idosa, que preferiu não se identificar, em 110 horas de gravação, a idosa apanhou por mais de duas horas.

“Foram duas horas e dez minutos só de pancadas, fora o inseticida e outros tipos de agressões verbais e o abandono. Ela ainda fazia ameaças: ‘Se tentar sair da cama, já sabe o que acontece com a senhora’”, contou o neto na porta da 52ª DP (Nova Iguaçu), onde o caso foi registrado.

Vera, que nas imagens tortura e agride a idosa, que sofre de Alzheimer, foi transferida para o presídio feminino de Bangu, na Zona Oeste do Rio, na tarde deste segunda-feira (19). Ela responderá por tortura. Segundo a Polícia Civil, testemunhas do caso devem prestar depoimento na quarta-feira (21).

Cristiane Moura mora ao lado da casa da idosa, que tem entrada no portão da esquerda (Foto: Janaina Carvalho/G1)Cristiane Moura mora ao lado da casa da idosa,
que tem entrada no portão da esquerda
(Foto: Janaina Carvalho/G1)

Segundo o neto, a câmera foi instalada no dia 12 deste mês e, com apenas 20 minutos de gravação, a idosa já era vista apanhando de Vera Lúcia. ”Ela joga inseticida nas partes íntimas da minha avó, álcool puro, desinfetante. No [exame de] corpo de delito foi constatado que minha avó está toda ferida nas partes genitais. Além de [ter] marcas na nuca e na cabeça de socos e agressões.”

Durante as imagens, a idosa é abandonada em plena madrugada. Segundo o neto, quando vera Lúcia volta, cerca de duas horas depois, retornam as sessões de pancadas. “Numa madrugada ela sufoca a minha avó. Bate com a cabeça dela até ela pedir de pedir socorro. São cenas chocantes, cenas bárbaras”, conta.

Depois de alertados por vizinhos, os familiares resolveram tirar a idosa e a cuidadora de casa com a desculpa de que almoçariam fora. Só assim a câmera pode ser instalada. Em uma das noites, Vera Lúcia deixou Tamine em casa gritando por socorro e pedindo ajuda. Nesse mesmo dia, a idosa teria se alimentado apenas com dois copos de leite.

“Agradeço muito à polícia, que trabalhou de forma brilhante para efetuar essa prisão. Se todos agissem da mesma forma, não haveria tanta sensação de impunidade no nosso país. A 52ª DP me ajudou muito. Eles se sensibilizaram muito com o caso”, afirma o rapaz, ressaltando que a família demorou a perceber o que estava acontecendo porque a idosa tem Mal de Alzheimer.

Vizinhos são testemunhas
Também nesta segunda, vizinhos relataram que os últimos três meses foram de grande desespero para ela. Segundo eles, foi nesse período que os gritos e pedidos de socorro começaram a ser ouvidos.

“Ouvi várias vezes. Ela gritava pedindo ‘socorro’, ‘me larga’ e a pessoa que estava cuidando dela ofendendo e gritando com ela”, afirma a enfermeira Cristiane Moura, 41 anos. Segundo Cristiane, ela e os filhos quiseram inúmeras vezes falar com a família da idosa, mas como eles trabalham e viajam com frequência nos finais de semana, nunca encontravam filhos ou netos da idosa.

Quando a idosa caiu, há cerca de 4 meses, e fraturou o fêmur, foi Cristiane que ajudou a socorrê-la. Segundo a vizinha, a situação estava deixando ela e os três filhos muito consternados. “Por ela ser indefesa, isso nos deixava ainda mais irritados. É uma senhora magrinha, com porte bem frágil”, diz Cristiane.

Segundo a família, era comum ver a agressora na rua, lavando a calçada ou fumando. “Jamais poderíamos imaginar que ela seria capaz daquilo. As imagens que vimos hoje nos chocaram demais. A cama estava em um estado lamentável. A gente ouve falar dessas coisas, mas quando é perto da gente, é ainda mais complicado”, afirmou Cristiane.

Cuidadora acusada de tortura contra uma idosa é transferida para presídio em Bangu (Foto: Janaína Carvalho / G1)Cuidadora acusada de tortura transferida para
presídio em Bangu (Foto: Janaína Carvalho / G1)

De acordo com o filho de Cristiane, Willer Duarte, de 18 anos, era até difícil conseguir dormir em função das agressões. “Começava cedo, entre 7h e 8h, justamente na hora que ela devia estar fazendo a higiene da idosa. Nunca conseguíamos falar com a família para dizer que alguma coisa de errada estava acontecendo ali dentro”, afirmou.

A idosa mora em um terreno com duas casas e foram os vizinhos que moram no andar de cima que denunciaram a situação à família. “A casa de cima ficou vazia um bom tempo. Essas pessoas mudaram há cerca de um mês e como eles tiveram contato com a família antes, avisaram o que estava acontecendo”, disse Cristiane.

Contratada há 1 ano e 8 meses
Durante um ano e oito meses, Vera acompanhou a senhora, que está com as duas pernas quebradas. A idosa foi agredida várias vezes. "Ela não podia ter feito isso com minha mãe, isso não justifica, mas agora quem vai resolver não somos nós, é a Justiça."

Foi o próprio filho que chamou Vera para ajudar a mãe. Os dois se conheceram na igreja que frequentam. Na delegacia, Vera se disse arrependida.

g1 – video: youtube

←  Anterior Proxima  → Inicio

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O conteúdo de cada comentário é de única e exclusiva responsabilidade do autor da mensagem.

Visualizações

Contra-Cheque

Contra-Cheque
Prefeitura de Ilhéus

COELBA

EMBASA

TJ-BA

Segurança Publica

Correios